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Aumenta número de mulheres com problemas cardíacos em Alagoas

Por Imprensa (quinta-feira, 19/04/2012)
Atualizado em 19 de abril de 2012

Índice de alagoanas vítimas da doença cresceu 8% entre 2010 e 2011 e números são muito preocupantes

No pensamento da maioria das pessoas, as doenças cardíacas acometem mais os homens, mas não é bem assim que tem sido nos últimos anos. O assassino número um das mulheres não é o câncer de mama. No mundo inteiro, morre mais mulher por doença cardiovascular que por todos os cânceres juntos.

Esses dados são da revista norte-americana Circulation. A revista aponta que nos Es­tados Unidos morrem mais mulheres de infarto que os ho­mens. A pesquisa diz que no ano de 2006, 398 mil homens tiveram ataque cardíaco no país, enquanto o número de mulheres foi 432 mil.

Na realidade do Estado de Alagoas, as estatísticas da Secretaria Estadual da Saúde (Sesau) mostram também um quadro muito preocupante. Entre os anos de 2010 e 2011, houve um aumento de 8% no número de mortes de mulhe­res por problemas do aparelho circulatório, o que corresponde a 181 casos a mais. Em 2010 foram 2.265 mulheres que sofreram de doenças relacio­nadas ao coração, número que subiu para 2.446 em 2011.

Já os óbitos de homens com problemas cardíacos tive­ram aumento de 4,3% no mes­mo período. Em 2010 foram 2.454, e no ano seguinte foram 2.561.

Os registros da Sesau mostram que a maioria dos pacientes foram vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), que pode ser causado pelo entupimento dos vasos sanguíneos cerebrais ou pelo rompimento desses vasos. Fo­ram 533 homens vitimados no ano de 2010 contra 543 mulheres. No ano de 2011 fo­ram 1.160 pessoas vitimadas por AVC, das quais a maioria também eram mulheres.

Mulheres estão com a vida mais agitada

 Depois do AVC, a doença cardíaca que mais mata em Alagoas é o infarto agudo no miocárdio, que é a necrose de parte do músculo cardía­co, causada pela falta de nu­trientes e oxigênio. Com au­mento de 9% entre os anos de 2010 e 2011, o infarto deixou 922 mortos em 2010 e 1.005 mortos no ano passado. Os homens foram a maior parte das vítimas, dessa vez.

Mas o cardiologista José Wanderley explica que o au­mento do número de mulhe­res com problemas no cora­ção começou no ano de 1985 em função da mudança de rotina da sociedade. “A roti­na de vida das mulheres mu­dou. Hoje não é apenas o ma­rido que sustenta a casa. As mulheres também têm suas profissões. Hoje elas pos­suem uma vida mais agita­da, são mães, donas-de-casa, esposas e profissionais”.

O cardiologista relata que a manifestação da doen­ça nas mulheres é diferente dos sintomas nos homens. “O sintoma mais característico é dor no peito. Na mulher, a variabilidade de sintomas é maior. Pode ser um cansaço, uma dor no braço, vários sin­tomas”, esclareceu.

De acordo com José Wan­derley, a doença cardíaca mais preocupante é a ate­rosclerose coronariana – o entupimento das artérias, devido ao acúmulo de gordu­ra, podendo levar ao famoso infarto. Os fatores de risco clássicos são hipertensão, diabetes, tabagismo, coles­terol alto, obesidade e gené­tica. No ano de 2002, uma pesquisa da revista norte­-americana Circulation mos­trou que pelo menos 53% das mulheres possuíam um fator de risco.

José Wanderley afirma que os médicos precisam tra­tar as mulheres igual aos ho­mens. “Infelizmente, só um em cada cinco médicos está ciente de que as mulheres morrem mais do coração que os homens”, contou o cardio­logista.

Reposição de hormônios ajuda a proteger o coração

 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), quando as mulheres chegam a certa idade os homônios dei­xam de ser produzidos pelos ovários. Essas substâncias desempenham um papel im­portante na proteção contra as doenças circulatórias. “Por isso a terapia de reposição hormo­nal à base de um combinado de estrogênio e progesterona pode ajudar a proteger o coração, desde que iniciada em momen­to adequado, em pacientes que não tenham diagnóstico de al­guma doença cardiovascular”, explica a ginecologista Lusitâ­nia Barros.

Ela acrescenta que o estro­gênio reduz a quantidade de li­pídeos, ou seja, a quantidade de gorgura que circula no sangue. “Quando os ovários ainda pro­duzem o hormônio, as mulhe­res têm colesterol e trigliceríde­os em quantidades menores em relação aos homens”.

Já em mulheres hiperten­sas, existe a opção de combinar estrogênio com progesterona com características especiais, a drospirenona, reduzindo a pressão da paciente. A médica afirma que estudos mostram que o método pode diminuir em até 40% a ocorrência de AVC.

A ginecologista lembra que a terapia hormonal é apenas um dos controles das doenças cardiovasculares. “É preciso controlar ou eliminar os fatores de risco cardiovasculares”, con­cluiu.

A Superintendente de Vigi­lância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Sandra Canuto, destacou que o aumento do número de mortes de mulheres por doenças car­diovasculares se deve à expan­são de trabalho para a mulher, pela equiparação aos homens. “Hoje o grau de estresse das mulheres é igual ao dos ho­mens”. Outro fator é a alimen­tação. “Hoje não são consumi­dos muitos nutrientes”. Além do sedentarismo, ela aponta que um fator de risco muito grande é o tabagismo, além da bebida alcoólica.

Paciente foi submetida a mais de dez procedimentos para superar doença

 Maria Madalena Frei­re, de 55 anos, descobriu ter problemas cardíacos quando foi lavar roupa e sentiu uma dormência na mão, aos 46 anos. “No dia seguinte, procurei o Hos­pital Santa Casa de Mise­ricórdia, descobri que esta­va com aterosclerose e tive que fazer uma angioplastia – dilatar a artéria.

Hoje, Madalena já foi submetida a cinco angio­plastias, quatro procedi­mentos de cateterismo e duas cirurgias. “Todo mun­do sabia que eu tinha dois por cento de chances de sobreviver. Mas uma coisa fundamental é que as pes­soas queiram ser ajuda­das”.

Após a segunda cirur­gia, Madalena diz que teve síndrome do pânico. “Eu fui buscar a religião e meus medos foram acabando”, contou.

Ela acredita que 99% de seus problemas no coração tenham sido causados pelo cigarro. “Eu fumei durante muitos anos”, completou.

Com Tereza Cabral, de 59 anos, a história não foi muito diferente, apesar da surpresa.

Ela descobriu que tinha problema no coração aos 54 anos, quando teve uma cri­se de angina – falta de san­gue no coração. Ela conta que possuía um estilo de vida muito saudável, era vegetariana e morava na Chapada Diamantina. “Eu descobri por conta de um cansaço excessivo e uma dor no peito. Mas meu caso foi atípico porque a taxa de colesterol estava normal”.

Tereza fez uma cirurgia de ponte de safena e qua­se cinco anos depois teve outra crise de angina. “Eu sentia qu(A.B.)

 Cardiologista explica como proceder no caso de uma crise cardíaca

O cardiologista José Wanderley aconselha que as pes­soas acometidas por uma crise cardíaca, como um infar­to, devem mastigar uma aspirina – que atua dissolvendo coágulos sanguíneos, e seguir imediatamente para uma emergência.

Ele disse ainda que a idade em que as doenças do coração aparecem com mais frequência é depois dos 40 anos. “A idéia é que essas doenças sejam descobertas antes, para poderem ser tratadas e evitar fatalidades”, destacou.

Alana Berto / Tribuna Independente

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