Por Imprensa (quarta-feira, 22/09/2010)
Atualizado em 22 de setembro de 2010
O cientista político, doutor Alberto Saldanha, faz uma análise do processo eleitoral em Alagoas e as perspectivas da classe trabalhadora. De acordo com ele, a característica propaganda política é baseada em quem é responsável por ter deixado “uma herança maldita”, e quem teria a capacidade de levar “Alagoas para o rumo certo”.
“Um eleitor atento poderá identificar o quanto as últimas campanhas a cargo Executivo foram sempre marcadas por esse jogo maniqueísta, onde `o mal’ sempre está no outro”, diz Saldanha.
Questionado sobre como ficam os pequenos partidos de esquerda na disputa entre “gigantes”, ele diz que após a vitória de 1998, onde Ronaldo Lessa e Heloísa Helena foram eleitos governador e senadora respectivamente, os partidos de esquerda tiveram a oportunidade de construir um projeto alternativo às elites tradicionais. “Entretanto, o que se assistiu ao longo dos oito anos de Lessa à frente do governo foi a cooptação do movimento sindical e o impedimento da renovação de lideranças. Hoje, esses partidos de esquerda atuam divididos. Alguns presos a uma contínua `profissão de fé’ se auto-intitulam `a verdadeira esquerda’, outros seguem na condição de `cereja do bolo’, condenados a enfeitar os projetos pessoais dos `caciques’ da política alagoana”.
Perguntado se o eleitorado alagoano não sabe escolher seus representantes ou faltam bons nomes para administrar o Estado, ele diz que não se pode “jogar nas costas” da população mais pobre a responsabilidade pela falta de projeto. “Acusar os analfabetos, os de baixa escolarização, os despossuídos como os causadores dos males que afligem Alagoas é na realidade querer perpetuar o processo de exclusão. Há anos que se fala da necessidade da `união de todos pelo progresso e o bem estar de Alagoas’. Mas o que se vê é a reprodução da velha política. O surgimento de bons nomes dependerá do quanto os segmentos que se agrupam dentro do ideário de esquerda (justiça social, democratização da política com a inclusão dos de baixo, desenvolvimento econômico privilegiando a pequena propriedade, entre outros pontos) sejam capazes de redescobrir os fundamentos da formação alagoana e possam, assim, compreender que a chamada classe trabalhadora vai muito além dos servidores públicos”.