Por Imprensa (terça-feira, 26/07/2011)
Atualizado em 26 de julho de 2011
Sindpol e Adepol rebatem posicionamento de secretário de Defesa Social acerca da Polícia Civil do Estado
Gazetaweb – com Jobison Barros
“O policial não tem notoriedade, trabalha com salário irrisório e sem as mínimas condições de estrutura”. Estas foram palavras proferidas pelo vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol/AL), Josimar Melo, ao comentar acerca da entrevista concedida pelo secretário de Defesa Social, coronel Dário Cesar, durante reportagem exibida, na manhã da segunda-feira (25), no Bom Dia Brasil, sobre a liderança de Alagoas no ranking de homicídios registrados no país.
Por telefone, Josimar Melo justificou o comentário feito pelo secretário de Segurança quando este afirmou que “a Polícia Civil de Alagoas ainda é muito lenta”. Segundo Josimar, o posicionamento do então coronel é correto no que concerne a “desvalorização do Estado frente aos profissionais da segurança”. “A polícia é lenta porque ele mesmo [Dário Cesar] vetou o projeto de um grupo de policiais que queria trazer uma aeronave para uma maior rapidez durante as diligências; e um detalhe: já tínhamos o dinheiro, que vinha da Secretaria Nacional de Segurança Pública [SENASP]. Outro motivo é a péssima localização da Central de Polícia, onde não há uma linha de ônibus sequer para atender aos agentes plantonistas e à população reclamante” – criticou.
Outra questão elencada pelo vice-presidente do Sindpol é o abandono das delegacias da capital e do interior do Estado, o que reflete um verdadeiro sucateamento. “Delegacia sucateada não é novidade para os alagoanos; desde janeiro, o delegado de plantão do 3º distrito atende à população em praça pública, o que seria uma forma de protesto”.
Concurso
Dário Cesar anunciou, neste mês, que será aberto concurso público para suprir carências de delegados, agentes e escrivães de polícia. Porém, na visão do vice-presidente do Sindicato dos policiais civis, a abertura do processo seletivo para a aquisição de 25 delegados e 150 agentes é inviável e não satisfaz à demanda atual. Josimar acredita não ocorrerá concurso. “Em mais de quatro anos, não houve nada; imagine daqui para frente. O que o governo quer é contratar pessoas por meio de serviço prestado. Quanto a este número, é uma quantidade insignificante” – frisou Josimar.
“O secretário se equivocou”
À reportagem da Rádio Gazetaweb, o presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil de Alagoas (Adepol/AL), Antônio Carlos Lessa, foi bastante enfático, em sua fala, no que diz respeito à observação feita pelo secretário de Defesa Social. “Dário Cesar se equivocou. O que a polícia precisa é de uma melhoria na estrutura como um todo, e isso tem que partir dele, pois o que contamos, hoje, é com 110 delegados, sendo que, todo mês, 12 saem de férias e não podemos colocar em questão essa quantidade.
A carência é de 56 profissionais, porque há duas, três, quatro delegacias do interior comandadas por um só delegado, e nós sabemos que não supre a demanda”.
De acordo com Antônio Lessa, os policiais enfrentam outro grande problema: a custódia de presos. “As delegacias estão cumprindo outras funções, que seria a segurança de presos. A polícia carrega, para si, outras obrigações”.
O delegado ainda comentou que a situação da segurança em Alagoas deve piorar, uma vez que a Lei Estadual nº 6.441, de 31 de dezembro de 2003, determina que os delegados de polícia cumpram a carga-horária de 40 horas semanais. “Estamos sobrecarregados, mas, agora, teremos que cumprir a lei, pela qual o servidor que cumprir um plantão de 12 horas terá 36 de folga e, se o plantão for de 24 horas, a folga deve ser de 72 horas”, salientou.
Carlos Lessa ainda ressaltou que, não somente a Polícia Civil encontra-se em situação precária, mas também a Militar, que trabalha, nos dias de hoje, em escala subumana, além do que determina a lei.