Por Imprensa (sexta-feira, 23/09/2011)
Atualizado em 23 de setembro de 2011
Governador e secretários anunciam plano de urgência na Educação, no Palácio República dos Palmares. Foto: Neno Canuto
Data: 23/09/2011
Odilon Rios
reporteralagoas.com.br
A história não é generosa e o decreto de urgência na área da Educação- para a reforma, sem licitação, de 151 escolas em Alagoas- acende a luz amarela no governo Teotonio Vilela Filho (PSDB)- que diz carregar o mantra da honestidade nos gastos públicos.
Sem licitação, por exemplo, a Secretaria de Infraestrutura contrata- e contratou- construtoras para obras de saneamento básico nas cidades atingidas pelas cheias de junho do ano passado.
As obras não andam- e se andam estão em ritmo lento.
Sem licitação, o Governo- através da Caixa Econômica Federal- contratou construtoras para que fossem erguidas 17 mil casas aos desabrigados das enchentes.
Um ano e três meses depois, nenhum conjunto habitacional foi entregue.
A Segurança Pública decretou situação de emergência na era Paulo Rubim- também para acelerar, sem licitação, a reforma de delegacias e dos presídios. O decreto nem desburocratizou a máquina nem resolveu a insegurança do dia a dia, discurso corrente e geral, sem necessidade de novos comentários.
A Saúde também enfrentou o seu decreto de emergência. E o Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
E dos dois lados, a cantiga é tão antiga quanto o retorno do malandro, de Chico Buarque, o “barão da ralé”, aos desavisados.
A resposta do secretário de Educação e Esportes, Adriano Soares, de que a garantia de qualidade no material usado nas reformas -R$ 40 milhões, sem licitação, repita-se- virá do Governo e dos órgãos de fiscalização- ou que todas escolas estaduais da capital terão internet até o final do ano- é tão coruscante (ou desafiadora) quanto o discurso do mesmo malandro, de Chico, enquanto desfila, bêbado, entre esfarrapados, falidos e desaletados:
Entre deusas e bofetões
Entre dados e coronéis
Entre parangolés e patrões
O malandro anda assim de viés
Se a ralé não merece os tetos desabando em suas cabeças, ao menos ouve o discurso do futuro, deixando balançar a maré e a poeira, assentar no chão.