Cobrapol apresenta os danos com a PEC 32 em audiência pública na Câmara
Gutierrez defende a carreira típica de estado para os policiais civis

Em audiência pública, na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados para tratar das questões relacionadas ao artigo 144 da Constituição Federal, o presidente da Cobrapol, André Luiz Gutierrez, disse que a reforma administrativa, PEC 32, não pode ser chamada de proposta de emenda, mas sim de finalização dos serviços públicos. “A precarização dos serviços públicos ocorre no momento em que o Brasil vive a maior crise da sua história. A Saúde pública mostra o quanto deve ser valorizado o servidor público, o servidor do SUS, que trabalha na linha de frente na pandemia contra a covid-19″, defendeu.
Na audiência, realizada na segunda-feira (03), o dirigente da Cobrapol demonstrou preocupação sobre como ficará a Segurança Pública, que é um serviço essencial. “A Polícia Civil vem há décadas sofrendo desmonte, sem reposição do efetivo. Não há reconhecimento da qualidade do trabalho. Não é valorizada”, disse, ressaltando que só há cobrança para que a categoria esteja na linha de frente.
“Nesse momento de pandemia, vemos que os servidores em momento algum pararam. Não abandonaram a população. A partir dessa reforma, quem mais vai querer ser policial?”, questionou. De acordo com o dirigente, é necessário mostrar para a população que a segurança pública é essencial, é típica de Estado, apesar de que até hoje não há definição, não há um conceito inserido na Constituição Federal.
“Os policiais têm o dever de agir, de arriscar sua vida, podendo não voltar para casa. Tem que ser reconhecido como função típica de estado”, defendeu.
Gutierrez disse que a reforma administrativa pretende reduzir salário de servidores, não repor inflação, impedir concursos e acabar com a estabilidade.
Ressaltou também a importância de valorizar os serviços públicos. “Temos aí representantes dos banqueiros. São pagos R$33 bilhões por mês de juros da dívida pública”, disse, contextualizando o ministro Guedes que fala em economia de R$10 bilhões.
Disse que com a reforma, vai ter policial sem plano de carreira e com seleção simplificada. “Vai ter estagiário acessando informações sigilosas sem ter a responsabilidade para tal. Haverá estágio probatório dependendo da avaliação do chefe. Esse profissional será um adulador de chefe para poder ter sua avaliação positivada”, questionou.
Afirmou que o crime organizado vai ter as portas abertas para se inserir na Segurança Pública por indicação, com o objetivo de fortalecer e organizar mais as facções criminosas que estão no Brasil. “A reforma é a porta aberta para a corrupção dos maus intencionados”.
“É uma ameaça atrás da outra”, disse o dirigente, revelando que deve ser chamada de PEC do Capital, que repassará os serviços públicos para a iniciativa privada. “A Saúde, a Segurança, todos serão atingidos, e o mais atingido será o cidadão”.
O presidente da Cobrapol disse que a segurança jurídica é um ponto fundamental para que o policial aja independente de política, de cobrança de superior ou de políticos, para que ele faça um serviço isento e siga exclusivamente o que preceitua a lei. “A PEC vai acabar com isso. Vamos ter policiais receosos em trabalhar em função das consequências políticas e de interesses escusos”.
Veja a audiência: https://www.youtube.com/watch?v=725bvKiMHPM