Por Imprensa (terça-feira, 7/03/2017)
Atualizado em 7 de março de 2017
GESTÃO FRACASSA
Fevereiro mais violento em 5 anos tem Maceió 63% mais sangrenta
Davi Soares
Renan Filho e coronel Lima Júnior ignoram inteligência do alagoano atribui violência à guerra de facções nos presídios (Foto: Márcio Ferreira/Agência Alagoas)
Enquanto o Governo do Estado aponta a recente guerra entre facções nos presídios do Brasil como justificativa para o aumento da violência neste início de ano, Alagoas teve o mês de fevereiro mais violento dos últimos cinco anos. O descontrole na gestão da Segurança Pública no governo de Renan Filho (PMDB) já representa um acúmulo de 15% mais mortes nos últimos oito meses.
Segundo os dados que já são de conhecimento das autoridades alagoanas, mas que ainda não foram divulgados pela SSP, o mês fevereiro teve 33% mortes a mais em relação ao mesmo mês de 2016. Foram 194 crimes violentos letais e intencionais (CVLIs) em fevereiro deste ano, enquanto que o mesmo mês do ano passado foram 146. Os dados foram repassados ao Diário do Poder por uma fonte da Polícia Civil de Alagoas.
Enquanto Rena Filho prioriza critérios políticos para tocar uma reforma administrativa em sua equipe de governo, não se cogita a saída do coronel Lima Júnior do comando da Segurança Pública, mesmo diante de uma preocupante sequência de oito meses de aumento da violência, sem fato novo que justifique tal fato. Entre os meses de julho de 2016 a fevereiro deste ano, houve 1.353 CVLIs em alagoas, 177 mortes a mais, que as registradas no mesmo período anterior, com 1.176 crimes violentos letais e intencionais.
MACEIÓ MAIS VIOLENTA
A violência explodiu na Região Metropolitana de Maceió, denominada de 1ª RISP (Região Integrada de Segurança Pública), com um aumento de 63% mais mortes em fevereiro, passando de 49 para 80 CVLIs. Na 2ª RISP, que engloba o Litoral Norte e a Zona da Mata, os CVLIs aumentaram 27%. E também cresceu 20% na 3ª RISP, na região de Arapiraca, Agreste, Baixo São Francisco e Litoral Sul.
Houve redução de 6% da violência somente a 4ª RISP, no Sertão de Alagoas.
Veja o dado obtido pela Polícia Civil:
‘SOLUÇO’?
O governador Renan Filho teima em tratar o aumento da violência como um “soluço”. E elegeu o colapso do sistema prisional no Brasil como vilão da piora do desempenho de seu governo na Segurança Pública.
“A violência aumentou nos últimos dois meses. Janeiro foi um soluço. Tivemos no Brasil, no início de 2017, uma guerra de facções criminosas que viraram uma série de presídios no país. Eles estão disputando o mercado. E isso está criando dificuldades para a segurança”, disse Renan Filho, na tarde desta segunda-feira (6), sem citar os dados de fevereiro.
PM já atuava contra tráfico em 2015 e violência caía (Foto: Dárcio Monteiro/Gazeta de Alagoas)
A tese oficial ignora a inteligência do cidadão bem informado, que sabe que Alagoas não sofreu de forma significativa com o problema da guerra de facções nos presídios locais e lembra que o Estado sempre atribuiu sua violência mortal à guerra de facções do tráfico de drogas, que segue matando para dominar espaços e “quitar dívidas” com traficantes e com usuários.
Em sua fala, o governador prefere exaltar as conquistas em 2015, quando a violência caiu 17,6%, com a SSP sob o comando do atual procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça. Mas, ignora a tendência de anulação desta conquista, ao pedir que a imprensa enfoque o passado, em detrimento do presente preocupante.
Um integrante da Polícia Civil ouvido pelo Diário do Poder considerou temerário apontar as causas da violência sem uma mínima investigação sequer. “Tal explicação só seria possível com a conclusão, ainda que parcial, de inquéritos policiais bem elaborados, por delegacia e equipe com estrutura. O que atualmente no Estado, está difícil de encontrar”, avaliou.
Se continuar a negar o óbvio retrocesso de sua gestão na Segurança Pública, o governador será responsabilizado diretamente por decidir contemplar as conquistas do passado, em vez de contornar o fracasso presente.
O Diário do Poder tentou contato com o secretário Lima Júnior, mas o coronel não atendeu seu celular.
Diário do Poder