Por Imprensa (domingo, 23/12/2012)
Atualizado em 23 de dezembro de 2012
Não creio que podemos dizer que foi uma fatalidade o que aconteceu no Deic. Houve, sim, um acidente com consequências trágicas: a morte de uma servidora pública especializada, mas, acima de tudo, de uma pessoa que tem família e amigos. Isso não é pouco.
A hipótese do acidente pelo acidente não pode ser aceita por comodidade ou facilidade. Há de existir, certamente, uma protocolo sobre armazenamento de materiais explosivos, que não foi seguido – o que parece óbvio.
As tragédias ocorrem principalmente quando desdenhamos das coisas básicas, do cotidiano, que realizamos repetidas vezes sem nos darmos conta do que estamos a fazer. Deixamos os perigos para “os outros”, e eles estão à nossa frente, enevoados pela tirania do hábito.
A dimensão do triste fato foi maior do que já havia acontecido. Mas já havia acontecido – eis o mais grave.
Não é o caso de se responsabilizar as vítimas, mas de se buscar o erro onde ele teve origem, passando de mão em mão até o resultado fatal.
Aconteceu, mas podia não ter acontecido. E quando é possível evitar a tragédia, ela tem de ser evitada.
Aprender com a morte de inocentes não é uma tarefa que a humanidade cumpra com louvor, desde os tempos mais remotos.
Mas, e o tal protocolo? Em que ponto deixou de ser seguido e por quantos?
Não parece ser sensato e inteligente acumular pólvora numa casa fechada onde trabalham homens e mulheres diariamente.
O acidente não estava previsto, está claro, mas o risco de ele vir a ocorrer não era em nada desprezível.
À família de Amélia Dantas, as minhas mais sinceras condolências.
O resto, que a perícia apure e a Defesa Social depure.
RICARDO MOTA – TNH1