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Delegacias do interior de Alagoas estão abandonadas

Por Imprensa (sábado, 19/11/2011)
Atualizado em 19 de novembro de 2011

Data: 03/11/2011

 

O 2º vice-presidente do Sindpol, Carlos José, e o diretor de Comunicação, Bartolemeu Dias, estiveram, nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, em seis cidades do interior de Alagoas e constataram o estado de abandono dss delegacias e regionais. Veja as fotos

 

O sindicato percorreu as delegacias de Anadia, de Atalaia, de Cacimbinha, de Minador do Negrão e nas regionais de Palmeira dos Índios e de Santana do Ipanema. Em todas, a situação é de urgência.

 

Nas cidades, foram detectados às precárias condições de trabalho, a falta de estrutura para abrigar policiais civis, presos e a população; a carência de efetivo policial, de armamento e de estruturas físicas das delegacias.

 

Nas delegacias, o número de coletes à prova é insuficiente para atender o efetivo. O Sindpol ainda encontrou coletes com a validade vencida. Por conta do descaso, os presos passam fome e estão adoecendo nas carceragens das delegacias.

 

O 2º vice-presidente do Sindpol, Carlos José, destacou que o governo do Estado deve olhar para a segurança pública. “O alto índice de violência é resultado do descaso da administração pública”.

 

O sindicato já encaminhou documentos ao Ministério Público e à Justiça informando da situação das delegacias.

 

 

ANADIA

 

Na Delegacia da cidade Anadia, foram constatadas as condições insalubres. Todas as salas possuem infiltrações. As paredes estão com os rebocos caindo e com mofo, que provoca as doenças respiratórias e alérgicas.

 

A carceragem fica próxima à cozinha da delegacia, tirando a privacidade dos policiais civis e representando perigo à categoria. Em uma sala de apenas quatro metros quadrados, funciona o gabinete do Delegado, o cartório e o alojamento. É constante a presença de escorpiões e barbeiros no local.

 

Os coletes à prova de balas estão com a validade vencida. Para a segurança, existem apenas uma metralhadora e um revólver 38. Há apenas um policial que fica responsável pela carceragem, pelo atendimento ao público e pela segurança da população.

 

Em duas celas, encontram-se seis presos oriundos de outras comarcas. Por serem de outras cidades, a maioria está sem alimentação e em condições subumanas. “É mosquito. É calor. Estamos passando fome. A gente não é cachorro não”, disparou o detendo Moacir Silva.

 

Da mesma forma afirmou o preso Jogival Alexandre. “Não tem condição de a agente continuar a aqui. Estou há sete meses nessa delegacia. Já estou branco como papel. Passo fome. A maioria é da cidade de São Miguel”, denunciou.

 

PALMEIRA DOS ÍNDIOS

 

O prédio da Delegacia Regional de Palmeira dos Índios está com estrutura comprometida e não oferece as condições mínimas para manter a permanência dos policiais e da população que solicita segurança. Com o total descaso, corre o risco de incêndio e de desabamento. Todas as salas possuem infiltrações.  As paredes estão com rebocos caindo. Há mofo que está provocando doenças respiratórias e alérgicas aos policiais.

 

O Sindpol constatou problemas nas instalações elétrica e sanitária no prédio da regional. O mau cheiro é intenso. Nem todas as dependências possuem iluminação. A caixa d’água fica nos fundos de um terreno que está coberto de mato e cheio de lixo. Por conta do descaso, a vegetação está cobrindo os automóveis apreendidos. A viatura da delegacia está com os pneus carecas, representando risco de morte aos policiais.

 

A única cela existente possui a parede com abertura para o lado de fora da regional. Um preso conseguiu amassar a grade de ferro do portão do xadrez, tornando o local mais vulnerável, podendo facilitar a fuga de presos.

           

Nos alojamentos, as camas estão quebradas, e os colchões velhos e mofados. Em tempo de chuva, há vazamento de água pelas paredes dos quartos.

 

O comerciante Fábio Costa disse que tinha pena dos policiais com aquela situação. “Os policiais saem de suas casas para vir trabalhar em local nessas condições. Quem vai dar proteção a eles. A proteção divina (brincou). Eles têm direito”, disse.

 

 

ATALAIA

 

Na delegacia de Atalaia, são nove presos para apenas dois policiais fazer a segurança da cidade e atender a população. O número já chegou a ser 14 presos.

 

Há carência efetivo para a delegacia. De armamento, só existe apenas uma pistola disponível. Há apenas dois coletes à prova de bala. Os móveis estão em precário estado de funcionamento.

O local não apresenta segurança. É vulnerável para as fugas. A casa onde funciona a delegacia tem um acesso ao lado que vai direto ao xadrez. Os policiais contam com apenas uma pistola e dois coletes à prova de bala para fazer a segurança no local.

 

A delegacia não oferece as condições mínimas para manter a carceragem. Os detentos reclamam da qualidade da água e da sujeira no local. Eles denunciam que estão adoecendo. A Prefeitura é quem fornece a alimentação dos policiais.

 

 

SANTANA

 

A estrutura da Delegacia Regional de Santana do Ipanema não oferece as condições mínimas para manter a permanência dos policiais, além da população que solicita segurança. A Regional passou por suposta reforma há um mês, mas o que foi presenciado foi total descaso. No local, infiltrações em todas as repartições.  As paredes estão mofadas, provocando aos policiais e detentos.

 

Foram constatados problemas nas instalações elétrica e sanitária. O mau cheiro é intenso na regional. A caixa d’água, que está aberta, fica ao fundo de um terreno coberto de mato e cheio de lixo. Essa água é consumida pelos presos. No mesmo local, ficam os esgotos a céu aberto. As duas viaturas da Regional estão em manutenção. Só há apenas uma metralhadora obsoleta para uso dos policiais plantonistas. Existem apenas quatro coletes à prova de balas.

 

Os 31 presos na Regional estão em situação insalubre. A maioria deles é de outras cidades do Estado de Alagoas. Eles reclamam da falta de higiene no local e da ausência de materiais para limpeza. Não há atendimento médico. Muitos ficam sem alimentação já que a família reside longe da regional. “Estamos adoecendo. Não tem atendimento médico. Aqui tem muita sujeira. Estamos bebendo essa água suja por que não tem outra”, revelou o preso João Batista.

 

O número de policiais é insuficiente para prestar segurança. Diariamente, quatro policiais ficam responsáveis pela regional. Os policiais plantonistas trabalham 92 horas e ainda têm que prestar expediente nas suas delegacias municipais. Quando eles estão na regional, as delegacias municipais ficam fechadas. A carga horária de 40 horas semanais é desrespeitada. Eles não recebem horas extras.

 

Nos alojamentos, as camas estão quebradas, e os colchões velhos e mofados. A vidraçaria dos quartos está quebrada. O local é quente e sem ar condicionado. O banheiro do plantão está interditado.

 

 

CACIMBINHAS

 

Na Delegacia de Cacimbinhas, o Sindpol constatou as condições insalubres em que se encontram os presos e os policiais civis. A estrutura da delegacia não apresenta condições mínimas para abrigar policiais e presos. As salas são apertadas, estão com rachaduras, com os rebocos caindo e possuem infiltrações e mofo, o que provoca doenças respiratórias e alérgicas.

 

A carceragem também fica próxima à cozinha da delegacia, tirando a privacidade dos policiais civis e representando perigo à categoria. Em uma sala de apenas quatro metros quadrados, funciona o gabinete do Delegado e o cartório. É constante a presença de mosquitos da dengue, de ratos e de cobras na delegacia.

 

Dos cinco coletes à prova de balas, três estão com a validade vencida. A única viatura funciona precariamente e não serve para as diligências policiais. A cota de combustível também não atende a necessidade da região. Há carência de pessoal. Só existe um policial para atender presos e população. O policial faz plantão de 92 horas sem receber horas extras, quando é lei a carga horária de 40 horas.

 

Nas celas, o Sindpol encontrou sete presos oriundos de outras comarcas. Por serem de outras cidades, a maioria está sem alimentação e em condições insalubres. A delegacia recebe R$ 40,00 por mês para comprar a alimentação de cada preso – um valor insuficiente para alimentação de um homem. Nas celas, é comum faltar água. Os presos reclamam das condições de higiene e revelam que estão adoecendo no local devido às condições insalubres. “Aqui não tem alimentação suficiente. É cheio de mosquito da dengue. Estamos sem banho de sol. A água encanada passa três dias para chegar, e fica insuportável. Se continuar, iremos morrer aqui”, desabafou o detento Adeilto Lima Vieira.

 

Os banheiros da carceragem estão com entupimentos.  As mobílias estão em estado precário e são insuficientes para a delegacia. No alojamento, as paredes estão mofadas. O mau cheiro é intenso.  

 

 

MINADOR DO NEGRÃO

 

A Delegacia de Minador do Negrão também foi constatadas as condições insalubres. A estrutura física da delegacia não apresenta condições mínimas para manter a permanência de policiais e presos. As salas são apertadas, estão com rachaduras e rebocos caindo, possuem infiltrações e mofos.

 

A carceragem fica próxima à cozinha da delegacia. Em uma pequena sala funciona o gabinete do Delegado e o cartório. É constante a presença de mosquitos e outros insetos na delegacia.

 

De armamento, existem apenas uma metralhadora e dois revólveres – todos obsoletos. A delegacia conta com dois coletes à prova de balas. A única viatura, que também é utilizada pela Delegacia de Estrela de Alagoas, está quebrada, impossibilitando qualquer tipo de diligências pelos policiais. A cota de combustível também não atende a necessidade da região. Há carência de pessoal. Só há um policial para atender presos e população.

 

Nas celas, encontram-se nove presos oriundos de outras comarcas. A maioria passa fome por causa da cota mínima de alimentação destinada a cada preso pelo Estado, e sofre com as condições insalubres. Os próprios detentos doam dinheiro para que os policiais comprem os materiais de limpeza para a carceragem. Eles reclamam da insalubridade do local e revelam que estão adoecendo. Existem dois presos que adquiriram Doenças Sexualmente Transmissíveis, os quais podem contagiar os outros presos. Eles estão sem atendimento médico.

 

A segurança da delegacia também é precária. A delegacia não está murada. As paredes de fundo da carceragem ficam em frente a uma rua da cidade, o que pode facilitar a fuga de presos, repasse de armas e drogas aos detentos.

 

Foram detectados problemas nas instalações elétrica e hidráulica. Nas celas, as privadas estão sem descargas. As mobílias foram doadas pela população. A delegacia não possui geladeira. O botijão do fogão pertence ao preso.

 

O alojamento fica em um quarto pequeno sem ar condicionado. As camas estão velhas e quebradas. As paredes com infiltrações e mofadas. O calor é intenso no local.

 

Por Josiane Calado – SINDPOL

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