Por Imprensa (segunda-feira, 28/09/2020)
Atualizado em 28 de setembro de 2020
Por Psicóloga Clínica Larissa Pedrosa Rossiter
Dormem na cama dos pais até quando querem. Largam mamadeira e chupeta quando querem. Só comem o que querem. E daí? Que mal faz? Antissocial aos 11 anos. Melhor celular a cada Natal. Surdos com seus fones de ouvido. Centenas de amigos virtuais. Não pensam nos riscos. Festa social? Se não for top, nem vou. Alto grau de exigência. Conseguem tudo o que querem. E daí? Que mal faz?
Os pais não precisam brincar. O celular faz isso. Os pais não precisam buscar nas festas. O Uber faz isso. Os pais não precisam cozinhar. O Ifood faz isso. Os pais não precisam nem educar. A escola integral faz isso. E daí? Que mal faz? Nem pensam que tudo o que o filho quer é “um puxão de orelha” e uma bronca: “hoje não é dia de festa! Vai comer comida que presta!” Criar filhos está “mais fácil”, mais cômodo, afinal, a criança resolve tudo com cliques na tela. E daí? Que mal faz? Ler para o filho? Cantar música e fazer cafuné? Luxo para poucos.
Os pais estão desconectados. Precisam de ajuda, mas só aceitam quando a bomba explode. Pais e filhos sob o mesmo teto mas diálogo zero. Nem um filme juntos. Mas sempre conseguem aquela selfie de família perfeita. Afinal, o que importa é mostrar que é feliz. Ter mil curtidas. Mal sabem o que é um jogo de tabuleiro. Pensar, virou uma coisa que dói. Fazer uma criança pensar parece que é fazê-la sofrer. E o que você quer ser quando crescer? Youtuber. Blogueira. Vlogueira. Digital influencer. Estudar, entrar na faculdade, se especializar… imagina!! Não sei esperar. Não sei ouvir não. Não sei o que é frustração e rejeição. Culpa de quem? Ops! Não se pode falar nisso. Não pode mais nada. Não pode falar alto, nem falar em pé com a criança. Não pode castigá-lo. Não pode nem falar não. E o tempo passando. Os filhos crescendo. Drogas e suicídio aumentando. Querem tudo pra já. Bem no esquema “venha a nós o vosso reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no Céu”. E ai do adulto que não disser “amém!”. Lembrou de alguém? Vamos mudar isso!