Por Imprensa (terça-feira, 14/02/2017)
Atualizado em 14 de fevereiro de 2017
Diferente do que apontam os números da pesquisa econômica, sem reajuste salarial há dois anos, os servidores públicos estaduais de Alagoas estão em pé de guerra com o governo. A insatisfação aumentou ao serem informados pelo secretário da Fazenda, George Santoro, através da imprensa, que o Estado não tem, mais uma vez, como conceder reajuste às categorias este ano.
Os trabalhadores querem, a princípio, uma audiência com o governador Renan Filho (PMDB), mas se isso não for assegurado, avisam que a greve será o caminho.
“Vamos retomar as grandes lutas sindicais de rua”, afirmou o diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Isac Jacson, segundo o qual o governo tem, sim, como bancar o aumento, pelo menos o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
“Mesmo considerando um ano de crise, no conjunto das arrecadações, o Estado não teve queda. O governo cresceu. Estamos ainda num processo de recessão, onde se tem uma combinação de inflação alta e consequentemente pagamento de mais impostos na aquisição de produtos pelos contribuintes. A empresa vende menos, mas vende mais caro”, diz Isac Jacson.
PODER DE COMPRA
Para o sindicalista, não existe justificativa “para não manter, pelo menos a política que tinha o governo anterior com a reposição do IPCA do exercício anterior, garantindo no mínimo o poder de compra dos trabalhadores. O Estado já lançou mão de R$ 200 milhões do regime de Previdência novo, cresceu a receita dos dois primeiros anos, além dos recursos que recebeu da repatriação. Ainda assim, continua sem dá reajuste. Se continuar desse jeito, vai ter resistência. O que está acontecendo no Espírito Santo [caos social com a paralisação de policiais], pode acontecer em Alagoas”, alerta o dirigente da CUT, ao dizer que “o Estado está apostando na desmobilização. Está pegando esse momento adverso da força sindical, do movimento sindical. Esse momento de crise política. Eles apostam nisso para achatar salários”, diz Jacson.
A presidente da CUT, Rilda Maria Alves afirma que a mobilização começa com a reunião dos sindicatos filiados à Central, que abrange quase 100% dos servidores estaduais, depois com a busca por uma audiência com o governador Renan Filho.
“A gente foi pego de surpresa com essa notícia do Santoro [secretário da Fazenda, George Santoro. A gente esperava que pelo menos esse ano o governo sentasse antes com os servidores para fazer qualquer divulgação na imprensa”, afirma Rilda Maria.
MILITARES
Em sua página no Facebook, o governador Renan Filho cita ranking da remuneração de policiais militares em todo o Brasil mídia brasileira divulgado nessa sexta-feira. E diz: “Alagoas tem o maior salário do Nordeste e o nono do País. É preciso valorizar o profissional. O PM dedica a sua vida pela segurança de uma sociedade. Somos orgulhosos e gratos a nossa corporação que tem exercido um grande trabalho de combate ao crime e redução da violência”. Segundo o ranking, em Alagoas os PMs começam ganhando R$ 3.368,86. O pior salário inicial, de R$ 2.548,16, é o da Paraíba, seguido do Espírito Santo – R$ 2.632,97. O efetivo no Estado é de 7.318 policiais.
Não é o que pensam também os policiais militares, que pedem reposição da inflação dos anos de 2015 (10,67%) e 2016 (6,29%), que não foi concedida pelo governador Renan Filho, e não descartam uma reação.
Gazeta de Alagoas