Por Imprensa (domingo, 8/09/2013)
Atualizado em 8 de setembro de 2013
O Dia da Independência foi marcado pela exclusão dos trabalhadores e movimentos sociais no desfile militar pelo governador Teotônio Vilela Filho
Centenas de pessoas, que faziam parte do 19º Grito dos Excluídos, foram impedidas de desfilar na Praia da Avenida, pela Polícia Militar a mando do governador Téo Vilela que alegou insegurança para permitir a passagem dos movimentos sociais no Dia da Independência (07).
Os integrantes do Grito dos Excluídos apenas queriam mostrar a população suas bandeiras de luta. Desde cedo, os manifestantes se concentraram, em frente ao Clube Fênix, e entraram na Avenida após as apresentações do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, do Corpo de Bombeiros, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar e da Polícia Civil, mas foram barrados pelos policiais do Bope.
O Bope e a Polícia Militar fizeram dois cordões para impedir o desfile dos movimentos sociais, das centrais sindicais, dos sindicatos, dos trabalhadores e dos estudantes. O comandante do Bope, coronel Ítalo Hermes, alegou a insegurança das crianças para desobstruir a passagem dos manifestantes. O diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Isac Jacson, concordou com a passagem dos menores, mas o governador havia encerrado o desfile antes mesmo da negociação com as lideranças dos movimentos. Indignado, o presidente do Sindpol, Josimar Melo, destacou que se o governo estivesse mesmo preocupado com o bem-estar das crianças, o Estado deveria ter deixado às crianças realizarem a apresentação antes das polícias que possuem preparo físico para estar no local.
Mesmo com o esvaziamento da população, após o encerramento do desfile, os integrantes do Grito dos Excluídos abriram espaço para que os escoteiros ambientais passassem para depois eles seguirem, manifestando o repúdio à exclusão dos trabalhadores em um dia cívico para a população brasileira.
Protestos
Para o coordenador Jurídico do Sindjus/AL, Paulo Falcão, o Grito dos Excluídos teve papel importante de denuncia dos governos com a população, que, ao invés de aplicar os recursos públicos nos serviços públicos, como Educação, Saúde, Segurança, Moradia, Saneamento e Transporte, remetem-nos ao pagamento dos juros da dívida pública, o qual consome quase 50% do orçamento da União (mais de 800 bilhões de reais), aplicando na privatização dos serviços. “A realização da parada militar é para intimidar os movimentos sociais nas suas lutas. Essa independência apresentada pelas Forças Armadas e pelo governo é a independência do capital, do agronegócio, dos banqueiros em detrimento aos brasileiros. O desfile militar não representa a população. O Grito dos Excluídos representa a sociedade brasileira”, finaliza.
De acordo com o presidente do Sindpol, Josimar Melo, o Grito dos Excluídos é fundamental para unidade das centrais sindicais, dos sindicatos, dos movimentos sociais, dos trabalhadores e dos estudantes. “Na data independência, não temos o que comemorar. Para ser independentes precisamos de reforma agrária, dos serviços públicos como saúde, segurança pública e educação”, defendeu.
Da mesma forma, afirmou o presidente do Sindsmesal, Jadson Alves, que ressaltou a importância da participação no Grito que colabora com as lutas dos movimentos sociais em defesa da soberania nacional, apresentando junto ao governo federal as reivindicações dos trabalhadores, principalmente, contra o PL 4330/2004 da terceirização e precarização dos serviços públicos e privados.
“Juventude que ousa lutar, constrói o poder popular”,
O Grito dos Excluídos, que teve o lema “Juventude que ousa lutar, constrói o poder popular”, buscava chamar a atenção da sociedade para a crescente exclusão social, principalmente, em Alagoas, que é o estado onde se mais mata no Brasil e possui os piores indicadores sociais na educação, na violência, na mortalidade infantil, na saúde pública, além disso, 50% da população vivem abaixo da linha da pobreza.
O tema do Grito também evidenciou os últimos meses que a população vem ocupando as ruas para protestar e lutar por um país melhor. Em Alagoas, a indignação popular recai sobre a violência que já passou de mais 1300 homicídios neste ano. A juventude é a principal vítima do descaso do governo estadual com a população. Sem perspectiva, sem assistência do Governo do Estado, os serviços públicos sucateados, os jovens acabam sendo cooptados para o mundo do tráfico e da criminalidade. Resultado é a violência incontrolada que nos últimos seis anos mais de 14 mil pessoas já foram assassinadas.
No Grito dos Excluídos, as bandeiras de luta da classe trabalhadoras foram:
Contra a violência à juventude;
Arquivamento do PL 4330/2004 da Terceirização;
Por Saúde, Educação e Segurança;
Pelo Passe Livre;
Contra os leilões das reservas do petróleo;
Redução da jornada sem redução de salário;
Melhoria da qualidade e a redução dos preços dos transportes coletivos;
Disponibilização de 10% do PIB para educação pública;
10% do orçamento para a Saúde Pública;
Pela anulação da Reforma da Previdência;
Fim do Fator Previdenciário;
Pela reforma agrária.
Por Josiane Calado – Sindpol/AL e Sindjus/AL