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Sindpol proporciona debate e momento de bem-estar com as mulheres policiais civis

Por Imprensa (sábado, 18/03/2023)
Atualizado em 18 de março de 2023

O Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) proporcionou um dia de reflexão, debate, relaxamento e integração com a Roda de Palestras, realizada na manhã da sexta-feira (17), na sede do Sindpol, com as mulheres policiais civis. O evento deu continuidade às atividades do mês da mulher.

A 2ª Secretária do Sindpol, Priscilla Braz, destacou a importância do evento para discutir os problemas enfrentados pelas mulheres policiais civis. “Nós, mulheres, sabemos das dificuldades que enfrentamos e do preconceito. Não é fácil ser mãe, ser policial e ser mulher”, revelou. A sindicalista disse também que a roda de palestra é importante para a união das policiais civis, buscando melhorar as condições de trabalho e enfrentar o machismo.

O presidente do Sindpol, Ricardo Nazário, esclareceu que a instituição policial é conservadora. Ele disse que foi o primeiro a denunciar casos de assédios moral e sexual, dentro da Polícia Civil e, por conta disso, respondeu processo na Corregedoria de Polícia.

O dirigente agradeceu a presença das policiais civis e das palestrantes Paula Lopes e Vanessa Cavalcante do Centro de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM), além da Camila Paiva, presidente da Comissão Mulher Segura da SSP/AL e tenente-coronel do Corpo de Bombeiro Militar. O dirigente sindical também manifestou apoio ao trabalho desenvolvido com as mulheres pelo CDDM.

As policiais civis presentes parabenizaram a iniciativa do Sindpol com a realização da Roda de Palestras e momento de bem-estar. Para a policial civil Vadilene Ferreira o evento foi perfeito, devendo sempre acontecer para orientar e atualizar as mulheres com novas informações. Da mesma forma afirmou a policial civil Marlize Lopes, ressaltando que foi importante a roda de palestra, a qual conscientiza sobre os cuidados com a mulher, o empoderamento feminino e a defesa dos direitos.

Defendendo a participação dos homens nos eventos dessa natureza, a policial civil Rosa Cristina disse que é necessário mudar essa realidade. “A mulher já deve educar o seu filho, mostrando que eles possuem o mesmo direito, devendo respeitar a mulher e dividir as tarefas domésticas e que isso não tem nada a ver com a sexualidade.

Para a policial civil Malba Inês, as palestras foram importantes, destacando os abusos que as mulheres sofrem. “Podemos avançar a cada dia contra essa cultura machista, combatendo e esse pensamento preconceituoso”.

Destacando que, como policial civil, é preciso ter mais consciência sobre o papel da mulher, a policial Georgina Novaes disse que é preciso educar o filho sobre o direito da mulher, e o papel dele como homem, como filho e como marido. “Mudar esse pensamento machista dentro da sociedade”, informou.

 

Bem-estar

No evento, houve o momento de bem-estar para todas as participantes por meio da empresa FisioEda que disponibilizou equipamentos e profissional da área para drenagem linfática, massagem relaxante, massagem com foco em dores, reflexologia plantar.

Também participou do evento a terapeuta Alexsandra Silva, da Spag Luz Terapias, que realizou massagem relaxante, reiki, fitoterapia e entre outros.

 

Palestras conscientizam sobre a luta por direitos das mulheres e o combate ao machismo

A Roda de Palestras proporcionou a troca de informações importantes sobre as conquistas de direitos das mulheres e a luta diária por igualdade de gênero.  A advogada Paula Lopes, do Centro de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM), realizou um resgate histórico, destacando a importância de se quebrar a cultura machista. “Ao longo da história, as mulheres foram presas, morreram para poder votar e ter seus direitos garantidos”, disse, informando que em 1932, a mulher conquistou o direito ao voto no Brasil.

Roda de palestras

Paula Lopes disse que nenhum direito das mulheres foi dado de mão beijada, em todos, elas tiveram que lutar”, revelou a advogada, citando a luta pelo direito à educação, para que as mulheres pudessem cursar Medicina e Direito. Ela também falou dos dados negativos, mostrando que, no Brasil, 70% das garotas, de 15 a 17 anos com pelo menos um filho, estão fora da escola. E ressaltou também que apenas, em 2003, o Código Civil deixou de mencionar que o defloramento da mulher permitia o cancelamento do casamento.

A advogada disse que as vagas de emprego são mais ocupadas por homens do que mulheres. “No programa Jovem Aprendiz, existem mais homens do que mulheres. A nossa maior jogadora de futebol do mundo, a Marta, não é referência de atleta para as meninas, como ocorre com os homens em relação aos craques de futebol”, observou. Ela informou que o direito ao divórcio só foi conquistado em 1977, antes disso, a mulher era obrigada a ficar casada.

Paula Lopes citou os tipos de assédios, revelando quando os homens interrompem as mulheres (manterrupting), faz apropriação da ideia da mulher (bropriating), confunde a respeito de algo (mansplaining), faz acreditar na incapacidade da mulher (gaslighting), entre outros. E citou leis importantes para as mulheres, como a Lei da Maria da Penha (em 2006), Lei Carolina Dieckmann (2012), Lei do Dia Seguinte (2015), Lei Joana Maranhão (2015) e Lei do Feminicídio (2015).

A advogada disse que Alagoas é um dos estados que mais ocorrem casamento de criança com 11 anos. “É preciso vencer as barreiras culturais machistas e inserir essas questões relatadas no processo educacional. É preciso ter uma política pública efetiva, permanente e com atendimento mais amplo, chegando a todas as mulheres”, defendeu.

A advogada Vanessa Cavalcante, também do CDDM, discorreu sobre a temática da violência contra a mulher, destacando que é preciso fazer o acolhimento à mulher, dar atenção e discutir como ela vai se manter. Ela tratou de questões sociais como emprego e moradia da mulher vítima de violência. “Temos que ser um agente de mudança e combater a violência enraizada. Desconstruir essa violência, educar os nossos filhos a ter esse equilíbrio”, disse.

A outra palestrante, Camila Paiva, que devido a outro compromisso no mesmo horário da roda de palestras, não teve tempo de alongar sua exposição, mas pôde compartilhar as dificuldades enfrentadas quando entrou no Corpo de Bombeiros em 2012. Disse que passou por preconceito e assédio. Estava sempre se desafiando. Como passou em primeiro lugar no concurso público, era chamada de O1, e sempre convocada a fazer mais atividades.

“A instituição militar foi criada para homens. A referência é o homem. E o feminino era tratado como fraqueza e fragilidade”, disse a militar.

Por conta das cobranças, ela acabou mudando o seu comportamento, fechando-se mais, e o resultado foi depressão, que se agravou com a perda do marido em um acidente. Camila disse que chegou ao ‘fundo do poço’, mas conseguiu se reerguer, voltando a ser como era antes. Ela concluiu sua exposição, citando uma frase da feminista negra Audre Lorde: “não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira”.

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