Por Imprensa (sexta-feira, 24/05/2013)
Atualizado em 24 de maio de 2013
Com investimentos milionários, Lifal é abandonado pelo Governo de Alagoas
O Laboratório Industrial Farmacêutico de Alagoas (Lifal) está abandonado pelo Governo do Estado. Equipamentos e maquinários, que custaram milhões aos cofres públicos, estão parados desde agosto do ano passado.
Atualmente são cerca de 70 funcionários e 16 aposentados, no regime celetista, que estão em greve desde o dia 17 de maio, reivindicando direitos sociais e pagamento de salários atrasados. Eles estão sem receber a gratificação da cesta-básica, há dez meses e vale transporte. Temem pelo futuro do Lifal. Todos os dias, a partir das 7 horas, os trabalhadores se concentram em frente ao Lifal, localizado no Conjunto Salvador Lira, em Maceió/AL, para os piquetes da greve.
A maioria já possui mais de 20 anos de serviços prestados a empresa e estão perto da aposentadoria. No entanto, mais de dez deles, que completaram o tempo de contribuição previdenciária, continuam trabalhando porque o Lifal ‘não tem recursos’ para indenizá-los, ou seja, pagar seus direitos trabalhistas, como FGTS e INSS. “A direção diz que não tem como pagar a multa indenizatória”.
O dirigente do Sindipetro/AL Adauri Amaro (Dário) destaca a falta transparência. “Sabemos que foram liberados 500 mil reais em abril de aporte de capital, mas não sabemos como foram aplicados esses recursos. No orçamento do Estado, está previsto R$ 6 milhões, mas nada é feito pelo Lifal”.
“É triste olhar o Lifal nessas condições com os matos crescendo, infiltrações nas paredes. Medicamentos fora da validade que viraram lixos e precisam ser incinerados. O laboratório apenas está funcionando como depósito de remédio que o Estado adquire de outros laboratórios, quando deveria estar produzindo”. Há muitos medicamentos vencidos armazenados irregularmente para serem incinerados.
Um dos problemas é a falta de gerenciamento por pessoas habilitadas. “Dificilmente, um diretor passa um ano à frente do órgão. Muitos assumem sem ter conhecimento do ramo, o que emperra o desenvolvimento do laboratório”, de acordo com Dário, o atual presidente do Lifal comparece ao órgão uma vez por semana e não conversa com os funcionários.
“Alagoas é o pior estado em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Possui um terço da população vivendo abaixo da linha da pobreza. Deixar o laboratório nessas condições é um crime aos cidadãos que precisam desses medicamentos. O que falta é vontade política do Governo de Alagoas. Temos um prédio equipado”, reclama.
O Lifal funciona em um complexo industrial com vários equipamentos e maquinários com valores que variam cada de 30 a 500 mil reais cada, entre eles, uma central de ar condicionado, máquinas de chiller, embristadeira, reatores de inox com capacidade de até 3.200 litros, destilador, entre outros.
Produtos
O Lifal é uma empresa de economia mista, pertencente ao Governo de Alagoas, que atendia os 102 municípios com medicamentos próprios. “Desde 1990, o laboratório estadual passa por um processo de sucateamento, cuja finalidade é acelerar a privatização. No ano passado, funcionou um mês. É importante ressaltar que o governo tem obrigação de garantir o funcionamento social do laboratório”.
O laboratório produzia analgésico (Lifal Ácido Acetilsalicílico, Lifal dipirona), antianêmico, antibióticos (Lifal ampicilina, Lifal Eritromicina, Lifal Sulfametoxazol + Trimetoprima), antieméticos (Lifal Metoclopramida), anti-hipertensivos (Lifal Captopril, Lifal Propranolol), antiparasitários (Lifal Mebendazol, Lifal Metronidazol), anti-retrovirais (Lifal Nevirapina, Lifal Indinavir), broncodilatador (Lifal Salbutamol), diuréticos (Lifal Furosemida e Lifal Hidroclorotiazida).