Por Imprensa (quarta-feira, 16/11/2011)
Atualizado em 16 de novembro de 2011
Os jornais mostram que a população grega foi à guerra contra mais um pacote de cortes de direitos sociais, proposto pelo governo, FMI e União Européia. Tais cortes servem para viabilizar o pagamento de uma questionável dívida, feita para salvar bancos falidos, e inflada pelos instrumentos especulativos dos rentistas. Um destes mecanismos é a manipulação do chamado “risco país”, de modo a elevar fortemente as taxas de juros sempre às vésperas da tomada de novos empréstimos, feitos para pagar as dívidas anteriores.
Conforme mostra a notícia da Folha Online, este novo pacote “prevê 6,5 bilhões de euros em aumentos de impostos e cortes de gastos estatais neste ano, dobrando as medidas que levaram o desemprego para o recorde de 16,2% e estenderam a recessão para o terceiro ano seguido.” É importante relembrar que a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, esteve recentemente na Grécia mostrando a alternativa da auditoria da dívida.
Já no Brasil, o governo tenta dizer que a dívida estaria sob absoluto controle, divulgando dados que mostrariam que o “risco-Brasil” estaria abaixo do “risco-EUA”. Ou seja: o governo procura dizer que os investidores acreditam que a chance do Brasil não pagar sua dívida é ainda menor que a possibilidade de os EUA não pagarem a sua.
Porém, segundo o próprio Secretário do Tesouro, isto se deve ao “cumprimento de metas fiscais que temos conseguido apresentar para o País”, conforme mostra o jornal Estado de São Paulo. Em bom português: tal “risco baixo” da dívida para o setor financeiro significa risco total para as áreas sociais, cujos recursos são severamente cortados devido ao cumprimento de tais metas fiscais. O Secretário ainda divulgou que o “superávit primário” (ou seja, a reserva de recursos para o pagamento da dívida) em 2011 já está bem acima da meta prevista.
Além do mais, quando alega que a dívida brasileira teria “baixo risco”, o governo dá a entender que a taxa de juros paga pelo país poderia também ser baixa. Porém, os juros pagos pelo governo brasileiro são os maiores do mundo, várias vezes superiores aos juros pagos pelos EUA.
Auditoria da Dívida Cidadã